Resumo: Pensar a poesia do século XX, o infame século dos extremos, é refletir também
sobre as guerras e conflitos, os horrores, os momentos de sofrimento, luto e dor que a
geraram. Alfredo Bosi, em seu ensaio Poesia e resistência, (BOSI, 1997, p.158), afirma
que os momentos “sofridos e insofridos” da experiência individual, da “práxis” são
capazes de gerar poesia: “a recusa irada do presente, com vistas ao futuro, tem criado
textos de inquietante força poética”. A poesia é também, ainda conforme Bosi (1997, p. 146), uma forma de resistir à “falsa ordem, à barbárie, ao caos”, de resistir ao “contínuo harmonioso pelo descontínuo gritante; [a poesia] resiste ao descontínuo gritante pelo contínuo harmonioso. Resiste aferrando-se à memória viva do passado; e resiste imaginando uma nova ordem que se recorta no horizonte da utopia […] o ser da poesia contradiz o ser dos discursos correntes”. É pensando nas relações entre poesia, resistência e história, que nos interessa discutir, nessa mesa, as formas em que a poesia elabora os traumas individuais e coletivos e resiste à desagregação e degradação impostas pela história.
Poesia; história; resistência