Resumo: Como a Branquitude perpetua o Racismo e as desigualdades no Brasil?
Você já se questionou porque o Brasil está, ao mesmo tempo, entre os dez países mais ricos, e entre os países mais desiguais (THEODORO, 2022). Estes fatos nos colocam no cenário internacional como única nação entre os mais ricos que persistem entre os que apresentam extrema pobreza em sua população.
Até aqui, aparentemente, estamos simplesmente promovendo um início de discussão sobre a desigualdade social, a partir da economia, que é geralmente fundamentada por meio de números e indicadores diligentemente mensurados, contudo analisados com uma enorme tolerância à permanência da miséria no país, como se esta fosse parte da paisagem nacional.
Mas apenas aparentemente! Com o professor Mário Theodoro(2022), em sua obra a Sociedade Desigual, aprendemos que este quadro da desigualdade brasileira não se trata de mero reflexo de fatores econômicos, mas, sim, é intrinsecamente caracterizado pelo processo de racialização de sua população, e a consequente criação de um Estado anti-negro.
E, para melhor discorrer sobre os efeitos do racismo sobre a desigualdade nacional, precisaremos recorrer aos ensinamentos da professora Cida Bento, que nos afirma que a formação da sociedade brasileira se deu através de normatização de saberes e identidades, no mundo, recriado não apenas para o branco, mas projetado para ser antinegro. Ofertando a pessoa a negra uma pressão cultural exercida pela hegemonia branca, sobretudo após a Abolição da Escravatura, para que o negro negasse a si mesmo, o seu corpo e a sua mente, como uma espécie de condição para se “integrar” (ser aceito e ter mobilidade social) na nova ordem social. (BENTO,2016, p.16).
Portanto, entendendo o Racismo como uma tecnologia, que se manifesta e perpetua das mais diferente formas, a partir da idealização e execução de uma sociedade (branca/embranquecida) que foi estruturalmente privilegiada, e sistematicamente possuidora e detentora dos bens aptos a produção de riqueza, com garantias intergeracionais, proporcionado por um Pacto, o da Branquitude, como nos ensina Maria Aparecida Bento(2022).
Assim, na medida que as relações são firmadas a partir de processos de raciaização de pessoas, a qual define sobre vida/morte, beleza/feiura, riqueza/pobreza, humano/desumano, o processo dicotômico se estabelece e hierarquiza o acesso aos bens e valores com referencial positivo. Neste sentido, enquanto um grupo é privilegiado em paripasso outro é marginalizado, por um sistema de cor.
Nestes termos temos que Raça, Racismo e Branquitude, são conceitos interativos, os quais, como em cadeia, se retroalimentam entre si. São os verdadeiros produtos do processo de colonização os quais, por consequência, tornaram-se ferramentas que viabilizam o exercício e manutenção da desigualdade na pós-modernidade.
Diante do exposto, consideramos importante levar à discussão neste espaço a análise de como os discursos racistas se constroem e sistematicamente integram a sociedade a partir da branquitude, determinando, assim, uma desigual distribuição de acesso a bens e riquezas. Como aporte às nossas reflexões traremos a leitura de autoras e autores negros que investigaram como a Branquitude, com os seus privilégios, criou o Racismo e as desigualdades. Notadamente, usaremos o aporte trazido pela doutora e escritora Cida Bento, nas suas obras O pacto da branquitude e Psicologia Social e o Racismo: Estudos sobre o branqueamento e branquitude, e pelo doutor e escritor Mário Theodoro, em sua obra Sociedade Desigual.
Racismo; Branquitude; Desigualdade