Resumo: Pretendemos, com a propositura dessa mesa, apresentar a perspectiva de três mulheres negras acadêmicas, filhas de Nelza de Souza Ramos e Diomiro Ramos (ambos in memorian), que furaram a bolha, saíram do lugar destinado para elas numa sociedade onde o racismo, estruturado de forma perversa, reserva para mulheres como elas, e se tornaram protagonistas de suas histórias. Aqui, buscaremos relatar um pouco das nossas vivências, perpassando pela importância, significado “sabores” e “dissabores” presentes no ambiente acadêmico.
Advindas de diferentes áreas do conhecimento: Biologia, Direito, Secretariado Executivo e Pedagogia, buscarão, compartilhar um pouco das suas linhas de pesquisa além de discutir a questão da exclusão das mulheres historicamente, do processo de teorização e busca pelo conhecimento, sendo muitas vezes, categorizadas como objetos de estudo ao invés de sujeitos do conhecimento ou protagonistas de suas próprias histórias.
Isso ocorreu com mulheres de modo geral, no entanto, afetadas pelas interseccionalidades de diversas opressões, as mulheres negras foram impedidas, através das diversas barreiras impostas, de iniciar ou mesmo de prosseguir nos estudos, sendo destinado a elas o trabalho doméstico ou braçal, sem o direito à instrução acadêmica.
Apoiando-nos em tantas mulheres pretas que tanto nos inspiram como Nelza Ramos(nossa mãe) Florentina Ramos (nossa avó), Beatriz Nascimento, Lélia González,, Sueli Carneiro, Conceição Evaristo, bell hooks, Angela Davis, Patricia Hill Collins, Nina Simone, Elza Soares e tantas outras. Trazemos um trecho do poema de Cristiane Sobral que muito diz sobre nossas histórias de vida: “Não vou mais lavar os pratos. Nem vou limpar a poeira dos móveis. Sinto muito. Comecei a ler. Abri outro dia um livro e uma semana depois decidi. Não levo mais o lixo para a lixeira. Nem arrumo a bagunça das folhas que caem no quintal. Sinto muito. Depois de ler percebi a estética dos pratos, a estética dos traços, a ética, A estática.”
MulherNegra;AmbienteAcadêmico;Racismo