Resumo: A formação e auto-formação do coordenador pedagógico se situam na imersão dos dilemas da sua função, frente à aprendizagem dos estudantes. Para tal, a atuação do professor é singular, devendo este, para tanto, ter acesso e estar aberto às oportunidades de dialogar e estudar sobre sua prática, o que se configura, participar ativamente dos processos de formação, inclusive, internos à escola. Neste cenário, o encontro formativo entre coordenador pedagógico e professor, não pode se dar no entendimento do saber do primeiro, sobre a pseudo-ignorância do segundo. Ao contrário, precisa ocorrer numa relação de aprendizagens mútuas e colaborativas que promovam espaços de protagonismo por parte dos professores, na perspectiva da ação-reflexão-ação da sua prática.
Dessa forma, dentre os tantos desafios que a coordenação pedagógica do município de Seabra-BA passa, um deles reside na cristalização dos nãos quando o diálogo tem no centro a alfabetização das crianças da Educação Infantil. Não tão longe assim, revela-se uma aversão no corpo dos educadores quando se tratava de compreender como importante, necessária, possível e oportuna as vivências das crianças com as práticas sociais de leitura e a escrita. Também é recente – e existem muitas forças ocultas para seguirem assim – o entendimento de que quando as crianças na etapa de Educação Infantil têm contato com a leitura e a escrita, estas precisam ser por meio das menores partes que compõem a escrita de uma palavra: a letra.
Dito de outra forma, se a alfabetização nessa etapa for compreendida pelo ensino paulatino e isolado das letras, das sílabas… parece estar certo. Como também circunda outra crença de que se forem dadas às crianças oportunidades para ler e escrever na escola de Educação infantil, estará tirando destas o direito de brincar e imperando as ações da escolarização.
Por isso, a pergunta segue cristalizada há muitos anos: pode alfabetizar na Educação Infantil? Então faz sentido entendermos de qual alfabetização estamos falando: estar alfabetizado é ter condições de participar de práticas de escritas comuns da nossa sociedade. É poder dizer por escrito para dar conta de uma necessidade. Compreender a alfabetização das crianças da Etapa de Educação Infantil a partir das experiências destas com as práticas de leitura e escrita necessárias para a sociedade é motivo das sucessivas aproximações e dos distanciamentos também da supervisão técnica pedagógica da rede municipal de Seabra – responsável pela formação de coordenadores pedagógicos – e, como não poderia ser diferente, dos coordenadores pedagógicos para com os professores.
E como se alfabetiza na Educação Infantil e qual a reponsabilidade dos educadores desse segmento frente ao direito que as crianças têm de viver experiências leitoras e escritoras neste período? Esses são desafios enfrentados pelo coordenador pedagógico que se ver diante das suas fragilidades de garantir processos contínuos com seu grupo para assegurar um trabalho que caminhe na perspectiva do estudo, da análise da prática, na incerteza, na construção de um saber que não dê lugar para passos atrás nem por ele e nem pelos professores.
Nesta perspectiva, a pretensão por seguir na pesquisa tem como objetivo maior compreender as aproximações e distanciamentos quanto à articulação da concepção de alfabetização para as coordenadoras pedagógicos e professoras do citado município. Objetivo este ligado a outros que calçam o escopo da pesquisa interventiva: identificar a concepção de alfabetização que norteia coordenadoras pedagógicas e professoras de crianças de 4 e 5 anos; analisar os desafios quanto a articulação entre concepção de alfabetização e práticas formativas das coordenadoras pedagógicas e práticas pedagógicas dos professores de crianças de 4 e 5 anos; refletir sobre o processo de formação de coordenadoras pedagógicas e de professores de crianças de 4 e 5 anos, no que se refere ao processo de alfabetização na perspectiva da abordagem psicogenética construtivista.
Formação Continuada;Alfabetização;Educação infantil