Resumo: A presente mesa nomeada “Bem Viver em Kirimurê: polinização indígena em Salvador/BA” será um espaço para socialização das experiências indígenas vivenciadas no projeto de extensão “Bem Viver em Kirimurê: saúde mental de pessoas indígenas no contexto urbano de Salvador/BA” e os seus desdobramentos. Dentre eles, definimos como objetivo específico a publicização da construção do livro digital, que será lançado na ocasião do Congresso UFBA 2023. A obra intermidiática “Bem Viver em Kirimurê” é apoiada pela Pró-Reitoria de Extensão Universitária e pela Pró-Reitoria de Pesquisa, Criação e Inovação da Universidade Federal da Bahia, através da aprovação da referida proposta na Chamada de Apoio à Extensão na Pós-Graduação. O seu método de elaboração decorre de registro auto etnográfico de vivências pessoais, além de laboratórios artísticos coletivos em formato de encontros virtuais e presenciais entre pessoas indígenas residentes em Salvador/BA. A materialização poética do “Bem Viver em Kirimurê” é uma tentativa de reconstruir e dar continuidade aos saberes e práticas tradicionais indígenas na cidade, configurando-se como um convite para refletir sobre essas realidades, de desenraizamento das identidades e territórios ancestrais e de polinização e potencialização da vida mediante o exercício material e simbólico de cultivar o Bem Viver, combater a monocultura, desasfaltar os imaginários, descolonizar afetos e pensamentos e reflorestar as cidades com sementes indígenas. Com autoria de pessoas indígenas, aldeadas e não-aldeadas, de ancestralidade originária Kariri, Fulni-ô, Payayá, Pankará, Pataxó, Tremembé, Tumbalalá, Tupinambá, Tuxá e Xukuru, as poesias, desenhos, entrevistas, contos, fotografias, sonhos, ensaios e vozes retratam o desejo de construir um projeto ético-político-estético-ecológico com foco na reconstrução e continuidade do Bem Viver em Kirimurê. Mesmo em um lugar que representa morte – a cidade -, fazemos da nossa vida força e sabedoria com apoio do toré que gira ao som da maracá enquanto resgatamos e compartilhamos as memórias de ontem e as do hoje, para conseguirmos adiar o fim do mundo, dar sentido às nossas vidas e suspender e desestruturar aquilo que pressiona os céus sobre nós, com a finalidade de nos sufocar. Do Bem Viver, somos semente e fruto, e queremos respirar, germinar, dar frutos nesta terra; somos o futuro que se anuncia, somos natureza, ar, terra, fogo, água que deixa marcas profundas e inapagáveis nesse solo. Grafias explícitas no livro transduzidas em imagens, sons e palavras, atravessadas pela força dos encantados numa rota coletiva de enxergar e se reconhecer no chão do qual viemos e para o qual voltaremos, de demarcar que Salvador é Terra Indígena e nós, ancestrais do futuro, representamos o fracasso do projeto colonial. Gritamos, estamos vivos, e com esse livro dizemos ao nosso povo: Avançaremos!
Bem Viver; saúde mental indígena; arte indígena