Resumo: O questionamento ao legado da educação colonial é provocado em uma conversa sensível e crítica sobre a emergência de processos que consolidam uma educação antirracista e que problematizam as bases de um sistema racista de exclusão e de manutenção do poder hegemônico. Partindo de referências de experiências de sensibilidade e de problematização das estruturas dominantes de produção de conhecimento, os diferentes estudos e pesquisas articulam saberes africanos, tendo como referências primordiais a tradição oral, o corpo, a infância e as culturas lúdicas. Entendemos ludicidade como experiência integrativa do sujeito, repleta de sentido, pertencimento e implicação social e que precisa ser ressignificado sob um olhar crítico e antirracista. A ludicidade é revisitada enquanto princípio educativo fundamental para repensar e transformar práticas formativas racistas ainda presentes na escola, na cultura e na sociedade. O conjunto dos estudos e pesquisas questiona a pedagogia de matriz reprodutora da branquitude, desmistificando o olhar ingênuo em torno da ludicidade, convocando a compreensão sobre o corpo negro como produtor de culturas, linguagens e aprendizagens. Considerando a diversidade de olhares que alimentam a produção vinculada ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação, Didática e Ludicidade (GEPEL/CNPq) e ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Filosofia, Artes e Educação (FIARE/CNPq), destacamos três pesquisas em curso no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEDU/UFBA), a saber: 1. A Pedagogia do Terreiro e as Produções do Corpo-Terreiro na Comunidade Caxuté, onde o autor busca através das referências do Candomblé de Tradição Congo-Angola, problematizar os referentes que balizam o debate da corporeidade, pensando em como os povos e comunidades tradicionais podem contribuir para a construção de uma perspectiva intercultural e diversa sobre os estudos desse campo do saber para a educação. 2. A Pedagogia do Teatro Negro como Movimento Político e Educador, um estudo no qual o autor visa compreender os princípios educadores implicados no fenômeno do Teatro Negro e seus desdobramentos estéticos, sociais e políticos, engajados na produção de práticas pedagógicas emancipatórias de educação antirracista. 3. O brincar como um marco civilizatório e sua apropriação pela branquitude, um estudo debruçado sobre o brincar como um exercício político que tensiona uma perspectiva romântica, embranquecida e colonizadora direcionada às infâncias. O debate é proposto por pesquisadoras/es e sua orientadora, visando comunicar, em um exercício dialógico e provocativo, alguns resultados parciais de estudos que apresentem contributos para pensarmos bases para uma educação lúdica antirracista.
Corpo;educação antirracista;culturas lúdicas