Resumo: As práticas de ensino geralmente privilegiam a dimensão cognitiva da aprendizagem, centrando-se na exposição e aquisição de conhecimento. Porém, o processo de ensino-aprendizagem envolve múltiplas dimensões (cognitiva, emocional, atitudinal, ética, etc.), muitas vezes não focalizadas no planejamento, desenvolvimento e avaliação das práticas de ensino. A “compressão do tempo” que caracteriza a sociedade contemporânea e a hipervalorização de desempenhos associados à noção de eficiência, a serem sustentados incessantemente em nossas atividades cotidianas, são elementos que produzem a chamada “sociedade do cansaço” (Han, 2017), bastante presente no contexto do ensino. À avalanche de atividades a serem cumpridas nas atividades de ensino, somam-se (auto)cobranças em torno de desempenhos esperados sustentados às custas da saúde e bem-estar dos indivíduos. Em meio a essa multiplicidade de tarefas e expectativas, os docentes e discentes encontram obstáculos ao descanso restaurador, à concentração em suas atividades, à reflexividade sobre as experiências formativas, ao desenvolvimento da metacognição e à conformação de bases adequadas ao desenvolvimento de habilidades socioemocionais relevantes para os campos de atuação delineados nas áreas “do conhecimento” em que esses sujeitos estão inseridos. As chamadas “pedagogias contemplativas” promovem outro tipo de experiência formativa, caracterizada pelo foco (1) no estabelecimento de conexões consigo mesmo/a (estados emocionais íntimos, estados corporais, visões pessoais), com o outro e com a sociedade, focalizando a “experiência em primeira pessoa” nos processos de ensino-aprendizagem. Para isso, procuram cultivar um engajamento diferente na relação com o tempo, assim como a reflexividade como possibilidade de acesso a novas formas de experiência baseadas em qualidades como bondade, compaixão, discernimento, curiosidade, dentre outras. Para dar um panorama de ideias e experiências direta ou indiretamente relacionadas a pedagogias contemplativas, propomos um conjunto de três mesas redondas a serem realizadas no Congresso UFBA 2023.
A segunda mesa apresentará programas internacionais que incorporam pedagogias contemplativas para a promoção do “florescimento estudantil”. Também serão apresentadas experiências docentes e discentes na UFBA e UFRB, que envolvem a aproximação e uso de práticas contemplativas no ensino.
ensino; aprendizagem; florescimento estudantil