Resumo: O racismo e o sexismo enquanto estruturas hierárquicas de poder, operam diretamente sobre corpos dissidentes, colocando-os subjetivamente e objetivamente em um lugar de subalternidade (GONZALEZ, 1984; CARNEIRO, 2003; 2020). Dessa forma, mulheres negras ao debater as categorias de gênero, raça e classe imbricadas entre si (BAIRROS, 1995; GONZALEZ, 1984) dão suporte para a criação do conceito de interseccionalidade por Kimberlé Crenshaw (2002) enquanto uma ferramenta analítica que permite ser utilizada para reflexões sobre a operacionalidade e entrecruzamento das categorias dentro das relações.
Carla Akotirene (2020) propõe uma reflexão com base na interseccionalidade a partir de uma perspectiva histórica, ancestral e diaspórica, o que para nós é interessante, pois vai nos ajudar a pensar sobre as imagens de controle criadas e sustentadas pelos sistemas racista e sexista sobre os corpos das mulheres negras ao longo da história (BUENO, 2020) e as possibilidades de surgimento de novas epistemologias insubmissas, que vão desafiar o que está posto, principalmente pela academia, trazendo o conhecimento que estava na margem, para o centro (HOOKS, 2015; FIGUEIREDO, 2020).
Assim, a partir desses debates, percebe-se a emergência de outras formas de produção do conhecimento, bem como novos corpos no espaço acadêmico, os quais são oriundos dos processos de ações afirmativas, onde a perspectiva interdisciplinar é uma possibilidade de diálogo entre as várias áreas do saber. Portanto, a presente mesa tem como objetivo estabelecer conexões entre as epistemologias feministas negras e decoloniais, com vistas a trazer à tona as perspectivas dos grupos subalternizados.
interseccionalidade;Epistemologias;decolonialidade