Resumo: Desde a criação e a implementação do Sistema Único de Saúde e da publicação da Política Nacional de Promoção da Saúde (BRASIL, 2006), as ações de acolhimento, promoção, cuidado e reabilitação em saúde tem sido compreendidas numa perspectiva de corresponsabilidades intra e intersetoriais, visando reduzir a exposição de pessoas e populações a condições de vida insalubres, bem como a produzir ambientes e práticas capazes de impactar na sua melhor qualidade de vida. Nesse escopo, as práticas corporais, os exercícios físicos, os esportes e o lazer têm sido compreendidos como elementos importantes para alterar modos de vida (MORETTI et al, 2009) marcados por ambientes e trabalhos cada vez mais automatizados/tecnológicos, onde o corpo, em sua integralidade, passa a ser menos ativo, estimulado e desafiado.
Considerando que o contexto laboral de professores e professoras universitários reforça essa tendência à corporeidade mais centrada no estímulo à dimensão cognitiva intelectual; do ponto de vista ambiental, a espaços mais restritos e fechados, com pouca interação social; a falta de estímulos e programas voltados ao autocuidado, ao lazer e a sociabilidade; e, especialmente, a uma pressão crescente por produtividade acadêmica, constatamos cada vez mais o adoecimento desse corpo docente. Ressalta-se, entretanto, que uma proposta de produção de cuidados e promoção da saúde, na qual não pode ser vista como uma prática paliativa para essas condições de trabalho, mas uma ferramenta, um dispositivo, que pode contribuir para amenizar e refletir esses modos de condições de vida e vida laboral no ambiente universitário, individual e coletivamente.
Para além desses aspectos, ressaltamos a relevância deste Projeto diante do quadro pandêmico da Covid 19, com sua força e velocidade de contágio e, consequentemente, seu impacto na condição de saúde da população adulta e idosa aqui e no mundo. Dentre esses impactos, têm chamado muito a atenção de pesquisadores os efeitos de longo prazo, também conhecidos como “síndrome pós-covid”, com a persistência de sintomas como fadiga neoromotora e cognitiva, dispneia, tontura, cefaleia, anosmia, dor torácica, palpitações e alterações no estado mental. (BRAGATTO et Al, 2021)
Diante disso, elaboramos um Projeto de Cooperação em Práticas Corporais, Exercícios Físicos e Promoção da Saúde para professores e professoras do ensino superior da rede pública federal e estadual, residentes em Salvador; e de usuários das clínicas de fisioterapia e fonoaudiologia da UFBA, com demandas de saúde envolvendo cuidados e reabilitação motora. O Projeto será desenvolvido no Centro de Educação Física e Esportes e na Clínica de Fisioterapia e Fonoaudiologia da UFBA.
.
OBJETIVO
Instituir um plano de cooperação interdisciplinar e intersetorial em práticas corporais, exercícios físicos e promoção da saúde, voltado para professores e professoras do ensino superior, técnicos e técnicas administrativas e adultos usuários da Clínica de Fisioterapia e Fonoaudiologia com demandas por cuidados e reabilitação motora.
METODOLOGIA
A proposta se baseia num conceito ampliado de saúde-doença-cuidado, com ênfase no princípio da integralidade em saúde (AYRES, 2006).
Adota uma abordagem pedagógica inter e transdisciplinar em saúde (BRASIL, 2015), com foco nas demandas, interesses e melhores práticas, baseadas tanto em pressupostos acadêmicos científicos como nos aspectos subjetivos dos participantes.
Por fim, parte do reconhecimento e valorização dos dispositivos técnicos, acadêmicos e de equipamentos institucionais da universidade, visando a sua utilização intensificada, qualificada e democratizada, a partir de:
Realização de avaliações e diagnósticos de demandas por práticas corporais, exercícios físicos e terapêuticos, entre docentes e adultos usuários da clínica de fisioterapia e fonoaudiologia da UFBA;
Elaboração de um plano bianual de promoção da saúde, em parceria com os departamentos de educação física, fonoaudiologia e fisioterapia, envolvendo docentes e estudantes desses três cursos;
Oferta e orientação de atividades de ginástica, treinamento de força, exercícios terapêuticos, alongamento, dentre outras, de modo sistemático, três a quatro vezes por semana, voltadas para o público do projeto;
Produção de trabalhos e espaços acadêmicos envolvendo temas e resultados encontrados com a realização do projeto;
promoção a saúde; treinamento físico; reabilitação