Resumo: O campo de estudos da Economia Solidária e Agroecologia pouco se debruçou em perceber os papeis desempenhados pelas mulheres negras nestes sistemas de produção que acabam por possibilitar o enfrentamento destas mulheres as mais diversas formas de opressão. Em um país como o Brasil, marcado por assimetrias sociais e concentração das riquezas, a questão da escassez e precarização do trabalho e baixa geração de renda incide diretamente nas mulheres negras, corpos historicamente subjugados e deslegitimados dos e nos seus locais posicionais. Ao não cumprirem o repertório eurocentrado de “mulher” universal, restou as mulheres negras a invisibilidade das suas pautas e apagamentos das suas necessidades. Às políticas públicas, cabe a resolução de problemas postos em sua agenda, assim, a economia solidária e a agroecologia se apresentaram nos últimos anos como caminhos de enfrentamento ao desemprego e proposta de geração de trabalho e renda para pessoas que estiveram a margem dos processos inclusivos dos ditos postos formais de trabalho. Assim, essas duas formas alternativas/ou complementares de geração de renda foram instituídas como diretrizes para lidar com os problemas públicos referentes à falta de emprego e renda, bem como, ofertar bens e serviços públicos, e para tanto, formuladores de políticas públicas recorrem a literatura existente para subsidiar teoricamente o que será posto em prática em etapas seguintes. Ora, entendendo que ambas as formas de organização da produção – economia solidária e agroecologia – são constituídas majoritariamente por mulheres negras, e que os referenciais teóricos desses campos de estudos utilizam a categoria “mulher” no singular, desconsiderando as particularidades das mulheres negras, como pode a politica pública fazer diferente? Assim, a proposta da mesa é problematizar a importância da utilização das teorias feministas negras, sobretudo a interseccionalidade, no pensar os novos percursos teóricos para o campo da Economia Solidária e Agroecologia, possibilitando o estreitamento com o campo da Gestão Pública.
Interseccionalidade; Economia Solidária; Agroecologia