Resumo: Maria Firmina dos Reis, mulher, negra, pobre e nordestina é a primeira escritora negra a publicar um romance no Brasil. Reis é uma voz insubmissa no contexto da abolição, seu discurso é emancipador, libertário e rompe com padrões excludentes da sociedade brasileira. No período oitocentista o país consolidou as assimetrias sociais que lhe caracterizam ainda na atualidade – o racismo, o elitismo e o patriarcado. Os escritos de Reis são uma atitude política, denunciam injustiças contra as escravizadas e os escravizados e contra as mulheres radicadas na sociedade oitocentista. A mesa propõe uma análise das contribuições de Maria Firmina dos Reis a partir das características principais da epistemologia feminista negra, assim como os desdobramentos da sua produção na história e na literatura. Interessa, portanto, pensar: como foi apagada a produção intelectual de Maria Firmina desde o entrecruzamento dos sistemas de opressão? De que maneira Maria Firmina tensiona esses sistemas para contar e cantar seu povo e seu país? Quais releituras históricas, poéticas, políticas e epistemológicas podem ser feitas com base no pensamento de Firmina? Situada em uma perspectiva multidisciplinar, nossa proposta compreende uma leitura crítica acerca de como a produção da autora implica interseccionalidades entre raça, gênero e classe e reverbera em nossos estudos.
Literatura negra; Epistemologia feminista negra; Interseccionalidade