Resumo: Pessoas em situação de rua destacam-se pela diversidade de existencialidade. Essas multiplicidades, conectada as formas específicas de vivências na cidade vem provocando o debate no campo acadêmico, sobretudo na área da saúde diante dos princípios norteadores do Sistema Único de Saúde. Viver em situação de rua representa uma fratura social, com enfrentamentos de diversas vulnerabilidades que se somam a danos pré-existentes. A vulnerabilidade se configura como um indicador da iniquidade e desigualdades sociais que inclui a detecção de fragilidades de grupos e indivíduos, mas também a capacidade de enfrentamento dos problemas e/ou agravos, dentre eles, os de saúde. Nesse contexto, este trabalho se propõe a discutir aspectos relacionados às mulheres em situação de rua, no que tange a maternidade e a maternagem. Na conjuntura social que estamos inseridas, a construção da identidade feminina ainda está associada ao papel da “mãe que deve” exercer a maternidade, a maternagem, e as atividades domésticas e familiares. Assim, o exercício da maternidade e maternagem estão socialmente vinculados a casamento, estabilidade financeira, moradia num contexto com suporte conjugal, familiar ou de agentes promotores de saúde. Nessa perspectiva, a mulher em situação de rua, socialmente estigmatizadas como “cracudas”, “drogadas”, são apontadas como indignas de serem mães e cuidar de seus filhos, contudo não se pode negar a existência de mulheres que maternam em situação de rua. Olhar, investigar, assistir, cuidar, de mulheres em situação de rua implica em adotar as de integralidade e comprometimento para com a promoção de saúde, numa articulação entre pessoas, profissionais, serviços, instituições e movimentos sociais visando a garantia do cuidado, dos direitos, difusão de informações e trabalho em rede contribuindo com a integralidade e a promoção da saúde desse grupo populacional. Diante desse cenário, componentes do grupo de pesquisa Sexualidades, Vulnerabilidades, Drogas e Gênero (SVDG) da Escola de Enfermagem da UFBA, em parceria com a Maternidade Climério de Oliveira e do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR), numa parceria que extrapola a espaço acadêmico, se juntam para discutir aspectos conceituais, representacionais, assistenciais e políticos acerca da maternidade e maternagem de mulheres em situação de rua com base em experiências profissionais, militância política e pesquisas sobre a temática.
Maternidade; Cuidado; Pessoas em situação de rua