Resumo: O campo da Saúde Global tem como uma de suas prioridades a análise de situações que vulnerabilizam os direitos humanos em um contexto de crise global. Neste sentido, vários fenómenos como a crise humanitária, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a crise climática e alimentar, entre outros, são acontecimentos cada vez mais frequentes que obrigam as pessoas a deslocarem-se em busca de melhores condições de vida, habitação, segurança etc. e que criam um desafio para os locais que acabam por abrigar as ondas migratórias. Vários países da Europa, Ásia, África e América têm enfrentado os movimentos migratórios de diferentes formas e, infelizmente, são muitos os que colocam barreiras à entrada de migrantes sob discursos nacionalistas e preconceituosos que estigmatizam o migrante e estruturam barreiras de vários tipos para impedir uma acolhida humanitária destas populações. Recentemente, vários organismos internacionais apelaram à melhoria das políticas de acolhimento de migrantes, especialmente aquelas destinadas a proteger os direitos humanos, incluindo o direito à saúde. Na América Latina, devido à crise na Venezuela, Haiti, entre outros, vários países da região têm vindo a implementar algumas estratégias isoladas de acolhimento humanitário, mas as evidências disponíveis apontam para a urgência de melhorar essas estratégias, que exigem também maior responsabilidade política por parte das autoridades assim como um maior compromisso da sociedade com o respeito à diversidade e a tolerância com grupos populacionais em busca de acolhida. O objetivo desta sessão é apresentar as evidências disponíveis sobre o efeito da migração em diferentes regiões do planeta, com ênfase na situação da América Latina, bem como nas políticas de proteção à saúde dos migrantes no contexto do SUS.
Migração; Refugiados; Saúde Global