Resumo: Os trabalhos reunidos nesta mesa temática têm como objetivo refletir sobre os traços mais políticos que encobrem a literatura contemporânea. Se o poder toma de assalto a vida, a literatura enquanto uma experimentação de pensamentos proporciona uma infiltração de formas de vida que, insistentemente, invocam sua resistência ao aprisionamento de seus corpos, de suas subjetividades, de seus territórios. Se a condição nos imputada é de sobrevida, uma rede de artistas, escritores, poetas e trabalhadores das artes, ao longo dos tempos, nos alerta para mirarmos outras possibilidades de existência que, de certo modo, tentam atritar com o “modo zumbi” (Peter Pál Pelbart, 2018) de ser da esfera do capital. Enquanto trincheira e toca, a literatura, em linhas gerais, encena uma política de sujeitos que potencializa, sem cessar, as mínimas formas de sobrevivência, em que a criação sempre está em jogo. Como um contragolpe ao “capitalismo onívoro e multiforme” (Peter Pál Pelbart, 2018) a literatura aposta na força das alteridades, nos devires minoritários, plurais, que, sem rosto pré-definido, libera a vida por aqui e acolá. Ao tentar captar esses estilhaços de acontecimentos de vida com suas diversificadas audições, ritmos, visões e velocidades, a literatura inventa uma política alternativa a uma vida precarizada/opaca/vazia.
vida;política;criação