Resumo: Esta comunicação busca refletir sobre a poética museal e teatral do Grupo de Arte Popular A Pombagem a partir do espetáculo “O Museu é a Rua”. Para nós, o museu é um acontecimento poético, e não uma estrutura de pedra e cal. Partimos desta premissa para pensar o museu para além do edifício. Desta forma, apostamos na recuperação da origem poética do museu e na ideia de musealização in situ. Com o surgimento da cultura alexandrina, o museu perdeu a sua dimensão poética e as musas passaram a ser cultuadas no Mouseion de Alexandria, o templo das musas. Este, por sua configuração de espaço fechado, é considerado o protótipo dos museus modernos. Portanto, a perspectiva mítica originária – ligada à invocação às musas – constitui uma alternativa à ideia do museu como edifício. Além disso, diferente da musealização que se processa no interior dos edifícios, a musealização in situ pode acontecer em áreas abertas como parques, sítios arqueológicos e ruas. Este tipo de musealização vem sendo o enfoque do Grupo de Arte Popular A Pombagem, que desenvolve o que seus integrantes chamam de teatro-monumento, ou seja, uma proposta de musealização in situ inspirada no cortejo do 2 de Julho – manifestação que se arrasta pelas ruas de Salvador visitando os monumentos à Independência da Bahia. Portanto, esta proposta aponta para a ideia de que existe uma imbricação entre teatro e museu e esses atravessamentos podem ser observados na prática durante a realização do espetáculo “O Museu é a Rua” do Grupo de Arte Popular A Pombagem.
O Museu é a Rua;Teatro-Monumento;Grupo A Pombagem