Resumo: Nesta mesa, serão discutidos resultados de estudos realizados a partir dos dados do ALiB no âmbito da graduação e da pós-graduação com o envolvimento de docentes e de alunos. O Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) desde 1996, vem realizando ininterruptamente suas atividades de pesquisa. Em 2014, publicaram-se os dois primeiros volumes do Atlas Linguístico do Brasil (CARDOSO et al., 2014) e o terceiro volume está no prelo. Um dos objetivos do Projeto ALiB é documentar e descrever a realidade brasileira da língua portuguesa em diferentes níveis de análise, buscando, com base em dados coletados in loco, apresentar a variação dialetal do português falado no Brasil. O Projeto ALiB, coordenado por um Comitê Nacional que vincula nove IES em um Convênio de Cooperação, caracteriza-se por ser interdisciplinar (Linguística, Geografia/Cartografia e Ciência da Computação), por buscar internacionalização e por incorporar metodologia inovadora, vinculada à atualidade, a exemplo dos estudos com a linguagem utilizada em redes sociais. Nesta mesa, serão discutidos resultados de estudos realizados a partir dos dados do Projeto ALiB (estudos em fonética/fonologia, léxico e morfossintaxe) e de outros “corpora” de redes sociais (“Twitter”). Atrelado ao caráter interdisciplinar do Projeto ALiB, o primeiro trabalho de autoria de Daniela Barreiro Claro, intitulado O ALiB nas redes sociais: desafios na automatização para desambiguar e geolocalizar os termos, dá continuidade ao trabalho apresentado no Congresso UFBA 75 anos, e busca descrever as soluções encontradas para dar conta de maneira exitosa da automatização da análise linguística visando promover a desambiguação de termos coletados nos dados do Projetos ALiB em comparação com os dados coletados na rede social Twitter. Destacam-se os desafios de promover a geolocalização dos usuários do Twitter e associá-los aos termos coletados no Projeto ALiB. O segundo trabalho, de autoria Jacyra Andrade Mota e Maria do Carmo Sá Teles de Araújo Rolo, intitulado Garimpando a apócope das vogais altas [i] e [u] em localidades mineiras a partir de dados do ALiB, investiga a apócope das vogais altas [i] e [u] em dez localidades de Minas Gerais que integram o Projeto ALiB com o intuito de confrontar os resultados com a apócope observada nos atlas consultados e nos estudos contemporâneos que descrevem esse fenômeno. O terceiro trabalho, de autoria de Sandra Cerqueira Pereira Prudencio, intitulado O estudo dos nomes de cachaça no Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) – Região Nordeste, apresenta os resultados da tese de doutorado da autora que traz um estudo das denominações para “aguardente”, com base em dados coletados pelo Projeto ALiB, nos nove Estados do Nordeste, em resposta à questão 182 do Questionário Semântico Lexical (QSL): AGUARDENTE (COMITÊ NACIONAL DO PROJETO ALiB, 2001, p.36). Com uma abordagem interdisciplinar, estabelecida entre a Dialetologia, a Etnolinguística e a Linguística Cognitiva – vertentes da Linguística que consideram imprescindível a relação entre o ser humano, a língua que utiliza em suas interações e o mundo e a cultura que o cercam – os resultados apontam a lexia “cachaça” como prototípica à qual se juntam os nomes-marca. O estudo aborda a história da cachaça e das questões que envolvem o seu domínio de experiência como importantes para melhor conhecer esse relevante elemento cultural do povo brasileiro. O quarto trabalho, de autoria de Silvana Soares Costa Ribeiro, Ingrid Gonçalves de Oliveira e Ana Rita Carvalho de Souza, intitulado Do anverso ao reverso da medalha: o que revelam os dados do Projeto ALiB no Nordeste e Centro-Oeste do Brasil?, contempla a descrição lexical do objeto metálico ovalado que traz a imagem de um santo impressa em uma de suas faces, conhecido como “medalha”, e demonstra aspectos culturais envolvidos no uso da peça pertencente à crença católica. Os dados resultam da junção das investigações feitas na UFBA, de 2016 a 2021, promovendo o salutar intercâmbio entre os diversos vieses de pesquisa, do PIBIC ao Mestrado. As autoras constataram que o objeto alvo da questão 153 do Questionário Semântico Lexical – QSL – (COMITÊ NACIONAL DO PROJETO ALiB, 2001, p.33) “medalha” vem caindo em desuso. Uma parte dos dados, 27,5%, é composta por lexias não validadas na análise, pois não continham os traços semânticos demarcadores do objeto em estudo, apresentando, sobretudo, traços genéricos e não especificadores. O número de abstenções (16,7%) se mostrou relevante, concentrando-se, principalmente, na fala dos entrevistados mais jovens. As autoras descrevem os resultados para as variantes lexicais “medalha” e “verônica”. O quinto trabalho, de autoria de Josane Moreira de Oliveira, intitulado A expressão variável do imperativo verbal no interior do Nordeste: resultados preliminares do Projeto ALiB, baseado no aporte teórico-metodológico da Dialetologia e da Sociolinguística apresenta resultados parciais de pesquisa em andamento sobre o imperativo verbal – que pode ser realizado com a forma de indicativo (pega, traz, vem) ou com a forma de subjuntivo (pegue, traga, venha) – em dados do Projeto ALiB de localidades do interior do Nordeste brasileiro, considerando fatores linguísticos e extralinguísticos.
Projeto ALiB; Twitter; Variação linguística