Resumo: O curso de Licenciatura em Teatro da UFBA oferece quatro Laboratórios de Práticas Pedagógicas, cada um com ênfase em um aspecto relevante para a formação de professores, tais como: questões sobre afrodescendência; meio ambiente e ensino de teatro; diversidade e educação inclusiva. O objetivo do Laboratório IV (Lab IV), foco deste trabalho, é criar encontros para instigar o levantamento de questões e reflexões teórico-práticas acerca de conteúdos didático-pedagógicos específicos do fazer teatral no contexto escolar, com ênfase na abordagem de temas relacionados à diversidade e à educação inclusiva. Além dos encontros na Universidade, estes laboratórios promovem a realização de práticas extensionistas através da oferta de cursos, oficinas ou eventos para a comunidade, o que envolve a criação de perguntas, escolha de temas, planejamento de aulas, reflexões e partilhas, com a turma de licenciandos, durante e após as oficinas.
Esta mesa, composta pela professora da Escola de Teatro da UFBA e doutoranda em Artes Cênicas (UNIRIO), Ana Paula Penna (mediadora), e quatro licenciandas, tem como objetivo debater sobre: nossas experiências com este componente, em 2022.2, expondo questionamentos levantados durante o curso, em relação ao próprio uso do termo inclusão, a contribuição de pessoas convidadas pela Professora durante o curso, com a escritora, artista, ativista PCD (pessoa com deficiência) Amanda Soares, bem como a importância das saídas para a Biblioteca Central durante o Evento sobre Acessibilidade, para o Fórum Negro de Artes Cênicas (UFBA), à Exposição de Artes indígenas, ao Teatro SESC Pelourinho para a apresentação da Cia Circodança (SP) que reúne artistas com e sem deficiência. É importante salientar que o curso foi construído com a colaboração da tirocinista Luana Tamaoki Serrat, mestranda em Artes Cênicas e artista de circo (Curadora do Circo Picolino), da licencianda e atriz Silara Aguiar e sob a orientação e cuidados da professora Maria Eugênia Viveiros Milet. Ao final do período, os alunos foram provocados a escrever uma lauda sobre suas experiências. As artistas e licenciandas Clara, Eddy, Eva e Carolina foram convidadas a dividir esta mesa por terem elaborado questionamentos importantes, a partir da articulação entre suas vivências e os temas abordados em “Lab IV”.
Clara Mariani fala sobre a relevância em sua formação de passearmos por temas tão abrangentes e necessários, como pcds, feminismo, homofobia, racismo, desigualdades sociais, meritocracia, maternidade e exclusão, mas sentiu-se especialmente atravessada pela questão: Por que a sociedade é tão excludente com as crianças e, por consequência, com suas mães? Eddy Veríssimo ressalta que participar do Fórum Negro, enquanto artista negra-docente-pesquisadora a encorajou ainda mais a lutar por ela e pelos seus, dentro de uma Universidade que não contempla e respeita como deveria ser a pluralidade cultural afro-brasileira. “Ter tido a oportunidade de entrar pela primeira vez no Museu de Arte Sacra e poder presenciar a ocupação de Arte Indígena Antirracista foi arrepiante, entendendo cada vez mais que este espaço de visibilidade e oportunidade precisa estar em toda parte, para que possamos alcançar um nível de equidade, já que a exclusão ainda é preponderante”. Por fim, finalizo com um questionamento de Eva Cruz, referindo-se ao “hype” da tal inclusão: as pessoas querem mesmo aprender a lidar com “mil” questões diversas ou apenas surfar na onda do politicamente correto? É uma questão meramente de “salvação individual” ou estamos mesmo preocupados com a diversidade e como a forma como cada um está inserido no mundo?
Referências Bibliográficas
KILOMBA, Grada. Memórias da Plantação. Episódios de racismo cotidiano. Trad. de Jess Oliveira. Cobogó, 2019.
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: o que é? por quê? como fazer? São Paulo: Moderna, 2003.
Formação de professores de teatro; Diversidade e inclusão no ensino de teatro; extensão na formação de professores