Resumo: A estrutura conceitual montada por Sartre em A Transcendência do Ego e O Ser e o Nada, nos permite dizer, junto a Kail & Kirchmayr (2015) que “A consciência não é a consciência de um sujeito porque, na ordem conceptual elaborada por Sartre, a consciência vem substituir o conceito de sujeito”. Dentro da estrutura conceitual que elabora, Sartre põe a consciência aonde estava o sujeito no modelo conceitual característico da filosofia do sujeito moderna. Claro, na filosofia da consciência sartreana, não há uma substituição do sujeito pela consciência. O que ocorre é uma reestruturação da topografia conceitual em que estão envolvidas as noções de consciência e sujeito, (Cf. Sartre 2015) reposicionando o psíquico/mental. Expulsando-os do campo da imanência. Mental e psíquico estariam no mundo junto com tudo que é intramundano. Isso dissolve a interioridade do sujeito impondo-lhe uma exterioridade e precariedade. Se dentro do paradigma moderno da subjetividade, o Ego/Sujeito tinha a função central de unificador dos estados de consciência, no pensamento de Sartre uma vez que a própria consciência pré-reflexiva ocupa tal função, o sujeito passa a ser um tanto indigente. A filosofia de Sartre poderia ser portanto uma filosofia do sujeito? Não seria mais plausível descrevê-la como uma filosofia da subjetividade? De uma subjetividade sem sujeito e, enquanto tal, como uma dissidente das filosofias modernas do Sujeito?
Consciência;Subjetividade;Pré-reflexividade