Resumo: A mesa “Transbordamentos do drama” reúne Cássia Lopes, João Sanches e Paulo Henrique Alcântara, professores do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UFBA, para discutir dramaturgia a partir de três obras e de suas relações com diferentes linguagens e áreas do conhecimento.
Na comunicação “Corpos em trânsito: uma leitura de Hotel Jasmim”, Cássia Lopes volta-se para a análise do texto dramatúrgico Hotel Jasmim, da escritora Cláudia Barral, tendo em vista uma reflexão sobre o jogo especular no encontro de dois personagens na travessia pelas esquinas das cidades brasileiras, tendo como ancoragem analítica o espaço do hotel como sinal simbólico de permuta, quando se transmigram palavras, sons, gestos e olhares de seu lugar habitual. A leitura também se pautará no exame dos procedimentos de construção textual dramática e seus desdobramentos filosóficos. Consideram-se as especificidades da urdidura dessa dramaturgia contemporânea no cenário teatral brasileiro.
Em “Colagem e polifonia: desvios do espetáculo Chorume”, João Sanches analisa aspectos da articulação entre dramaturgia, encenação e visualidade no espetáculo Chorume – montagem baiana da peça homônima do prestigiado dramaturgo paulista Vinicius Calderoni. A partir da noção de desvio, formulada pelo teórico francês Jean-Pierre Sarrazac, é apresentada uma reflexão sobre a colagem e a polifonia como as principais estratégias criativas do referido trabalho.
Já em “Ingmar Bergman e as dobras das personagens: um estudo sobre Persona”, Paulo Henrique Alcântara discorre sobre o filme Persona (1966), de Ingmar Bergman, obra inaugural da terceira fase do cineasta sueco, na qual ele reelaborou procedimentos dramatúrgicos. O enredo apresenta temas como angústia e incomunicabilidade, marcas das personagens Alma e Elizabete, enquadradas no primeiro plano de suas dores, mergulhadas nas raias profundas do comportamento humano. Bergman aponta sua câmera intimista para duas mulheres que silenciam e transbordam nesse clássico do cinema.
Dramaturgia; Drama; Desvio