Resumo: Segundo Maffei M. E. (2020), a fibromialgia é uma síndrome crônica de caráter etiológico desconhecido que acomete o sistema musculoesquelético gerando dor inespecífica e sem nenhum componente inflamatório associado. Historicamente, sofreu um processo de incúria e somente em 1976, com uma revisão de Hench, teve o termo citado pela primeira vez na história. A falta de alterações significativas em quaisquer exames laboratoriais e de imagem contribuiu para um processo diagnóstico complexo e obscuro ao longo do tempo. Ele não é especificamente clínico e, ao invés de ser por exclusão, é feito por critérios somativos na avaliação, e por muitos anos eles foram definidos por Wolfe et al. (1990). Com o passar do tempo esses critérios diagnósticos foram questionados e o Colégio Americano de Reumatologia (ACR) os atualizou, onde hoje leva-se em consideração também aspectos característicos da mialgia e extensão dos sintomas somáticos. Tal quadro clínico se caracteriza pela fadiga e dor crônica difusa com sensibilidade ao toque, perda de força muscular, redução de amplitude de movimento, parestesias, cefaleias crônicas, sensação subjetiva de edema de extremidades. Associado aos aspectos álgicos da patologia, seguem comprometimentos psicossociais como dificuldade de memorização, concentração e raciocínio, ansiedade, irritabilidade, sensação de desmaio iminente, distúrbios do sono, disfunções cognitivas, depressão que tendenciam o paciente ao sedentarismo, limitações nas atividades e restrições na participação social. Nesse contexto, a associação de técnicas e conhecimentos abrangentes levam a uma melhora do quadro clínico e funcional do paciente. A abordagem multidisciplinar se caracteriza pelo olhar plural da condição de saúde e doença existente, com diagnósticos simbióticos de cada área que respeite a função de cada profissional e que se complementem em busca de um propósito maior: a melhora da condição de saúde, bem como, da qualidade de vida daquele indivíduo, contemplando uma coordenação do cuidado integral. O tratamento deve ter uma abordagem multidisciplinar e humanizada, visto que esses pacientes permeiam por diversas demandas físicas e emocionais, que resultam em consequências que afetam majoritariamente as suas atividades de vida diárias e participações sociais de forma contínua, trazendo diversas alterações na qualidade de vida do paciente e familiares. Então é imprescindível um olhar de acompanhamento a longo prazo desses pacientes por uma equipe coesa, harmônica e assertiva. Em razão da etiologia multifatorial (biológica, psicológica) e suas múltiplas dimensões (cultural, política, socioeconômica) envolvidas, a dor – permeante nesse processo- exige uma abordagem interdisciplinar. O seu estudo é complexo e, portanto, requer uma colaboração entre as várias profissões da saúde e até mesmo de outras áreas. Neste sentido, fundamenta-se a formação multidisciplinar das ligas de dor, visando um intercâmbio de conhecimentos, o que torna as discussões acerca da dor mais ricas e amplia o olhar dos estudantes sobre um fenômeno tão plural. Dentro disso, dá-se luz ao papel fundamental que as ligas acadêmicas de dor oferecem ao promover o processo de educação em dor aos seus acadêmicos. Ao pensarmos que os acadêmicos de hoje serão, futuramente, os profissionais especialistas em dor de amanhã, enfatizamos o trabalho fundamental que as ligas de dor realizam na promoção do conhecimento em dor de seus acadêmicos ligantes e preconizamos, cada vez mais, o desenvolvimento desse senso crítico e demais processos de construção e desconstrução dentro dessa temática.
Saúde;fibromialgia;multidisciplinaridade